sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Útil cultura inútil


As voltas que o mundo dá. Ou as voltas que se dá no mundo. Ambas as frases se aplicam a Guilherme Rocha. Filho de diplomata, passou a vida dando voltas no mundo e, emancipando-se, decidiu continuar a vida pelegrina. Depois de ter vivido entre Brasília e Johanesburg, Paris e Xangai, Guilherme abandonou a faculdade americana e, numa espécie de busca às origens, foi continuar o curso superior na terra natal dos pais. A volta ao Recife foi carregada de simbolismo, e vista com certo "étonnement" por seu pai: ele havia entrado no Itamaraty por considerar essa "a forma mais eficaz de sair de Recife". As voltas que o mundo dá... Mas Guilherme não parou lá. Depois de 9 meses trabalhando em Lisboa, juntando uma poupança, partiu numa jornada de estimados 10 meses, tendo início o seu périplo em Belém, sendo o objetivo atingir a Califórnia - ou até onde permita suas economias... ou sua paciência. Suas aventuras podem ser acompanhadas no seu blogue, o Globum.


E eis que sua paciência se esgotou ali no Panamá (também, depois de três dias caminhando no meio da mata sob chuva torrencial... tá louco!), no quarto mês, por aí. Os relatos no blogue, infelizmente, cessaram bem antes. A boa nova é que o blogue voltou à ativa. Com uma nova proposta: o autor vai garimpar informações diversas, tipo cultura inútil, catadas na infinita rede mundial, e compartilhar conosco. Com seu texto conciso, sem frescuras, divertido e despretensioso, é uma boa pedida. O post do retorno trata do “revival” dos drive-ins. Achei essa iniciativa arretada, porque pega propostas e novidades gringas, que em geral escapam do escopo da imprensa tradicional, e nos apresenta com um enfoque próprio. Essa idéia mesmo do drive-in (vão lá ler) é algo que poderia muito bem ser aplicado no Brasil, como política pública ou iniciativa privada, no sentido de popularizar o cinema.

Impressões econômicas


Compartilho aqui uma breve análise feita por um tio meu, empresário de Recife, há alguns meses, sobre a atual conjuntura econômica. Foi uma resposta a um artigo de Luis Nassif sobre a valorização do Real.


Esse assunto que o Nassif se refere é um bocado complicado mesmo. Minha sensação é que nós estamos no limite do prazo de validade de alguns instrumentos do sistema capitalista que está em vigor, especialmente com a chegada da India e da China ao processo. A China é o caso mais caricato, sistema político centralizado, partido único, sem eleição, mas ninguém reclama. Capitalista todo, no entanto câmbio fixo, economia estatizada, o Estado é sócio das grandes corporações, corrupção endêmica, não respeita propriedade indústrial, na prática, de ninguém. Educação em alta, talvez esta seja a chave de tudo, não o câmbio ou qualquer outra variável económica, o grande valor a ser agregado na produção é o conhecimento.

A Exploração intensa de reservas minerais, na China, indústrias defasadas tecnologicamente, mas num grau de eficiência que ninguém entende como é obtido, uns dizem que é a promiscuidade com o Estado, mas o Estado tem superávits, outros dizem que são os ganhos de escala do mercado interno, outros dizem que é a mão de obra barata, e por aí vai. O facto é que essa conjuntura toda tem mandado o meio ambiente por lá pras picas e a economia cresce tanto que incomoda a eles mesmos. Ainda assim nem sequer 20% da população deles participa desse processo, imagine quando novas parcelas forem se agregando à aurora capitalista.

Não é fácil avaliar o reflexo dessas questões económicas, sobretudo cambiais, a que você se refere, mais parece uma rosca sem fim de cosequencias, em várias direções e em sentidos diversos, alguns positivos e outros negativos. Os analistas económicos costumam, cada um, defender uma certa tendência, e os que acertam, depois contam a história e dizem que tudo previram atempadamente, e os que erraram calam e a gente esquece do que eles disseram à época.

Nào sou alarmista, nem realista, acho que o homem molda a realidade, sou otimista, acho que vamos achar uma saída. Mas, aí deve ser ou o decrescimento, que me mandaste outro dia, e então mudaremos a visão do mundo que prevalece hoje ou, nos próximos 50 anos, acho que a tecnologia nos arranjará outro mundo, porque este estará fatalmente exaurido, mesmo que a China e a India desacelerem e o o PAC empac.

domingo, 21 de outubro de 2007

Notícias d'além-mar
Meu pai comenta a palestra do Presidente Lula a empresários em Luanda:

Ontem assistir uma palestra/discurso de Lula, aqui em Luanda. Foi um sucesso, o publico (empresários brasileiros e angolanos) riu e aplaudiu várias vezes.

Os negócios entre Brasil e Angola duplicaram, da primeira vinda dele, em 2003, até hoje. O Brasil é hoje o quarto maior exportador para Angola: passou de USD 2,6 Bi, para USD 5 Bi. Também é hoje o terceiro maior importador de Angola (por causa do Petróleo). Ele se disse indignado que Portugal (segundo maior exportador para Angola) exporte tanto material de construção para Angola e o Brasil, tão pouco! Também citou exemplo da Coreia do Sul, de quem os angolanos acabam de encomendar uma plataforma marítima para exploracão de Petróleo. Virou-se para os empresarios brasileiros desse setor e perguntou o que eles estavam a fazer, que não vieram aqui oferecer as plataformas brasileiras?! Enfim, o povo ria e aplaudia, mas eu fiquei surpreso dele citar nome de países – achei que era pouco “diplomático”…

Foi ótimo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Meu eu lírico, vomitando


ridículo cotidiano

ridículo cotidiano,
composto de ridículas
partículas.

cachorro de sapato
casa de gato
aquário.

o mundo pode ser tão feio
pombos são ratos com asas
e reviram o lixo, como vira-latas.

o mundo pode ser tão belo
olha aquela menina
andando na areia da praia, de chinelo.


Nem nada

E eu que pensava que aquele teu sorriso era o princípio.

Não era nada, nada
nem sinal, nem indício.

Era apenas eu, cavando meu buraco,
avançando para a beira do meu precipício.


perda

Não há perda que não doa,
que não faça arder o coração,
que não derrame lágrima.

Se há perda que não dói,
que não arde o coração,
que não derrame lágrima...

Isso não é perda, não é nada.
Foi apenas ilusão.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

DIAS E FERIADOS



Dia 23 de agosto: Dia da Injustiça. Você sabia disso? E 13 de agosto? Data muito importante no calendário brasileiro: Dia do Pensamento. Dia 13 de setembro, data histórica! Comemora-se neste dia o Dia do Ex-território. Não posso deixar de lembrar o dia 28 de dezembro, o Dia do Soldado Desconhecido. E assim vamos nós, a criar dias de homenagem para tudo e para todos. Tudo bem... há dias como o 10 de agosto quando nada é comemorado pela Nação, mas é uma minoria ridícula. Na minha agenda chega a ser difícil encontrar uma data que não seja o dia de alguma coisa.

Amanhã, 12 de outubro é feriado. É Dia de quê, mesmo? Ontem cheguei a conversar sobre a quantidade de feriados existentes em nosso calendário. E, para um Estado teoricamente laico, é impressionante a quantidade de feriados santos existentes por estas bandas: carnaval, semana santa, páscoa, dia de padroeiras e santos, natal... fiquei curioso sobre a história por trás da Padroeira do Brasil, esta santidade que me permitirá ir amanhã a Ilha Grande curtir um final de semana prolongado.

Fiquei decepcionado com o que li. Não reclamarei do fato de ter esta folga na sexta-feira, mas achei uma farsa essa história. Segue abaixo extrato de sua história:



“Em meados de 1717, chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, passaria pela povoação a caminho de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), em Minas Gerais.


Desejosos de obsequiá-lo com o melhor pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12 de Outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço e, animados pelo acontecido, lançaram novamente as redes com tanto êxito que que obtiveram copiosa pesca.


Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Felipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família construiu um oratório, que logo se mostrou pequeno. Diante do aumento no número de fiéis, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior - a atual Basílica Velha.


Em 6 de Novembro de 1888, a Princesa Isabel visitou pela segunda vez à basílica e ofertou à santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com um manto azul. No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da imagem para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.


A 8 de Setembro de 1904, a imagem foi coroada, solenemente, por D. José Camargo Barros. Em 1929, Nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial, por determinação do Papa Pio XI.”