sábado, 30 de dezembro de 2006

Leitura indispensável de fim de ano

A edição de fim de ano da CartaCapital. Ótimo subsídio para refletir o ano que passou e pensar o ano que vem aí.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Pensando a África

compartilho mais um e-mail (este foi o outro) enviado à família por minha mãe, por achar válido aproveitar sua condição de observadora inserida lá no meio, muitas vezes nos rincões de Moçambique, com sua típica capacidade analítica privilegiada.


"Descobri, lendo um livro [a luta pela independência. A formação das elites fundadoras da frelimo, mpla e paigc, de dalila cabrita mateus], o conceito de negritude. Isso me chamou atenção.

António Jacinto é um poeta angolano. Muito engajado, à época, na luta pela independência, é dele por exemplo um poema que expõe a dominação de uma raça pela outra: “o meu poema sou eu-branco/ montando em mim-preto/ a calvalgar pela vida”. Pois bem, ao se publicar uma coletânea de autores africanos, uma corrente tentou barrar a publicacao de seus poemas pelo simples fato de ele ser branco....[afinal seus poemas foram publicados]

No entanto, uma outra corrente de poetas concentravam a atenção no negro dos estados-unidos da américa [pra satisfazer bernardo], que apesar de serem negros e portanto com uma grande identificação física, tinha enormes diferenças culturais... [isso era nos anos 1940-60]

Quem é mais negro, um antonio jacinto, ou um negro da geórgia-ee.uu.?? é aih que entra o conceito de negritude, que não diz respeito a cor da pele, mas as apropriações culturais. A própria burguesia negra da áfrica se comportava como brancos europeus... e ainda hoje. Enquanto que os negros norte-americanos tinham valores mais brancos que antonio jacinto....[alias, diz cabrita mateus, “fora de angola, ninguém sabia que jacinto era branco...]. e a conclusão, é que existem “fortes diferenças culturais entre os diversos grupos negros, africanos ou americanos”

Outra coisa que me chama a atenção é uma citação que ela faz do autor martinicano Frantz Fanon [no livro os condenados da terra], que denuncia o fato de o povo [dos países que vão ficando independentes] estagnar “lamentavelmente numa miséria insuportável, sem consciência da traição inqualificável de seus dirigentes ... Os privilégios se multiplicam, triunfa a corrupção, os costumes corrompem-se. Os corvos são agora muito numerosos e vorazes, dada a magreza do espólio nacional”

Outro livro,que não conheço mas gostaria de ler é A África começa mal, de René Dumont.

Ele denuncia a casta privilegiada de ministros, deputados e funcionários que, nos novos países africanos equivaliam a corte de luis XVI, pela mentalidade parasitaria que ostentavam e produtividade quase nula. Referia, ao fausto, multiplicação de viaturas, recepções à européia, e reserva nos bancos suíços para velhice: “para demasiadas elites africanas a independência consistiu em tomar o lugar dos brancos e em gozar as vantagens muitas vezes exorbitantes até aí reservadas aos coloniais. Denunciava ainda a ambição de funcionários subalternos: ‘o africano arrivista diz-se obrigado a tomar conta não só da família, sempre numerosa, mas muitas vezes dos amigos e até da aldeia.”

A questao é que realmente começou mal, e ainda continua até hoje, sem mudança... os exemplos são numerosos por toda áfrica....

Prontos, foi so pra compartilhar com vocês algumas leituras, nesta minha estadia solitária em Beira.

Cheiros, aninha"

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Bate-papo político

eu e um amigo comentando a notícia da derrota do candidato do pt, paulo delgado, à vaga do tcu, para o candidato de acm. a teoria que comentamos para explicar a derrota, aliás, foi confirmada em nota no painel da folha de hoje.

(19:45:37) b j: essa base aliada comecou bem hein!
(19:45:40) b j: como isso aconteceu?!
(19:46:13) capadócio tibungando: acontecendo
(19:46:30) capadócio tibungando: pra vc ver o nivel de articulação e prestígio do pt nessa casa
(19:46:32) b j: puta merda...
(19:46:35) b j: é
(19:46:55) b j: e ainda insistem nessa BURRICEde lancar chinaglia
(19:47:02) b j: é foda é foda
(19:47:06) capadócio tibungando: exatamente
(19:47:09) b j: será que foi um se-ligue?
(19:47:25) b j: será que o aldo estaria por trás disso p. ex?
(19:47:39) capadócio tibungando: era muito mais inteligente se articular em torno de alguém do psb, por exemplo; mas o pt tu sabe como é...
(19:47:42) capadócio tibungando: num sei
(19:47:46) capadócio tibungando: mas é capaz
(19:47:52) capadócio tibungando: o pcdob é capaz de tudo
(19:47:57) capadócio tibungando: acredite
(19:48:20) b j: eu acredito
(19:48:28) b j: e, nesse sentido, até concordo com o que fizeram
(19:48:44) capadócio tibungando: ai eu num acho não
(19:48:49) capadócio tibungando: pq delgado num merecia
(19:48:56) capadócio tibungando: se fosse outro, até tudo bem
(19:48:56) b j: apesar de delgado ser uma figura excelente. pessoalmente, nao merecia
(19:49:05) b j: mas ele foiuma escolha, uma indicacao do pt.
(19:49:17) b j: que tem sistematicamente boicotado aldo, um fiel aliado de lula.
(19:49:27) b j: é uma puta sacanagem o que o pt faz com aldo
(19:49:30) b j: desde que era ministro
(19:50:46) capadócio tibungando: talvez vc tenha razão
(19:50:57) capadócio tibungando: mas como eu odeio o pcdob, quero mais é q aldo se foda
(19:51:11) b j: é foda
(19:51:51) b j: num sistema como o brasileiro, por mais partidário que eu seja - e eu sou totalmente contra personaliza política - é difícil isso no brasil.
(19:52:02) b j: aldo é um dos políticos mais sérios do país.
(19:52:05) b j: mas........
(19:52:12) b j: tem esse aspecto a que vc se refere.
(19:52:13) b j: é foda.
(19:53:05) b j: mas eu acho que o pt deveria fechar com aldo. até em reconhecimento ao trabalho dele. ele pegou um tremendo abacaxi, a camara tava numa crise danada, e normalizou as coisas. merece crédito. e o pt constrói condicoes pra daqui a dois anos.
(19:53:39) b j: pq pelo andar da carruagem, tá o maior cheiro de déjà-vu....
(19:54:57) capadócio tibungando: tá mesmo
(19:55:18) b j: a turma nao aprende.....
(19:55:32) b j: e quem seria o severino 2007?
(19:55:34) capadócio tibungando: dizem q se pt, pmdb, pfl e tal lançarem candidato, aquele ciro nogueira seria o próximo severino
(19:55:51) b j: putz
(19:56:00) b j: mas psdb e pfl fecharam com aldo nao é?
(19:56:19) capadócio tibungando: fecharam nada
(19:56:30) b j: oxe, mas no jornal saiu isso né?
(19:56:35) capadócio tibungando: sai
(19:56:44) capadócio tibungando: mas sai todo tipo de boato todo dia
(19:56:48) capadócio tibungando: ainda tá cedo
(19:56:54) capadócio tibungando: tem muita agua pra rolar
(19:56:57) b j: é verdade
(19:57:02) capadócio tibungando: inda m,ais no meio dessa confusão toda
(20:02:25) b j: po, nem vai dar pra tu vires pra pelada né?
(20:04:47) capadócio tibungando: vai nada
(20:04:59) b j: que merda
(20:05:10) b j: bom
(20:05:13) capadócio tibungando: só vou poder sair 20h45
(20:05:17) b j: looking at the bright side
(20:05:28) b j: significa que os deputados estão trabalhando!
(20:05:39) capadócio tibungando: isso pra mim é péssimo
(20:05:45) b j: hahaha



***

Enquanto isso, ouve-se por aí todo tipo de boatos sobre o ministério de lula... viver em brasília tem dessas coisas. compartilho com vocês dois. o deputado federal mais votado do piauí, do pmdb, é um médico e teria sido convidado para a pasta da saúde. já o nosso maurício rands, estaria contado para transportes. terão esses boatos algum fundo de verdade? quem sabe. mas que é divertido conviver com esse tipo de especulações, ah, isso é!

***

Hoje saiu o edital. pois é, enquanto o presidente lula segue na agúria da formação ministerial, bush come o pão que ele próprio amaçou e chávez se elege a fidel do século , minha maratona pessoal continua... ui!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Missing Berlin

by Letícia Jurema

I am here today, at the request of my brothers Bernardo and Diogo, to write about something; whatever I want to, they gave me complete freedom. All that matters is that I write. It was in ancient times when I last picked up a pen and a piece of paper to write; now I have my laptop laying on my lap in front of me, though I must admit that it has been a long time since this situation has taken place. Actually when I think about it, the last time I wrote a text for my brothers was exactly a year ago, in Berlin freezing my ass off, even though I was within the warmth of my home. An entire year has passed since then. I have lived the four seasons of the year in Germany and have had two months of readaptation period here in Salamanca. ¿What conclusions have I drawn from this experience? This is what I am going to try to illustrate in this text, however I cannot promise anything, for I am not sure I have any conclusions to make.

The first couple of months were of reflection, intellectual and emotional solitude and muteness. There was a clear barrier that separated my world from the outside world, the socially interactive world. I was missing the key that liberated me from my world to the social one, idiom. My only instruments of interaction were body language and my capacity to read facial expression. My greatest weapon was my smile; in this point I must agree with Quentin Tarantino, personality goes a long way!

(I still have no clue as to the point of this text! Just goin´ with the flow!)

Although my German eventually became better, the cultural knowledge that I was able to grasp was limited. My capacity to understand the conversations around me was limited, I was not able to make a complete analysis of each situation, though I could most of the time deduce the main idea.

However restricted my ability to communicate was, I was able to understand the Berliners a little bit better, I was able to pick up on that energy specific to Berlin, that spirit that only Berlin possesses. In order to notice this spirit one must not speak perfect English. In the beginning I did not see anything special, I refused to see it, I was too introverted, living detached from Berlin. But once I decided to open my eyes I saw with clarity the beauty of this city, its uniqueness.

The concepts of freedom and organization here work together as I have never seen in other capitals. So much was permitted and so few people took advantage of the permissive situation. At this point I cannot help but think of Spain as the paradigm of the contrary (as the complete antagonist). The year I arrived in Salamanca was the year that an unprecedented law was passed, “ la ley anti-botellón” . This law banned the people from drinking in public, in the streets. At first I could not understand why, but when I contrasted this reality to that of Berlin, I was able to understand far better. Here, in Salamanca, when they drink in the streets there is no respect for anything, vandalism takes place, it's noisy and the scene afterwards is always of broken bottles, plastic bags and garbage cans tipped over. This is a typical “botellón”. So then I think, “no wonder they prohibited it!” In Berlin, however, I can drink a bottle of beer in the metro, in the streets, in a park, almost anywhere that I please (limited to common sense that is!); in fact, the majority of the Berliners make use of this liberty and without causing trouble.

The number of policemen was also an aspect that caught my attention. At first I did not notice it, but when I thought about it, I asked myself: “Where are all the policemen?!” Once again I must compare Berlin to Spain. In Salamanca I walk everyday to my university, approximately a 10-minute walk, and in that period I may see about 2 police cars drive by (sometimes more, sometimes less). Salamanca has 90,000 inhabitants. In Berlin it took me far more time and space to see a police car. Berlin's population is of 3,4 million people. I must say that there are exceptions, for example Labour Day in Berlin is full of policemen everywhere, but there is a historical reason for that, it is known that on this date a battle between anarchists and policemen take place!

The list of examples that demonstrate the uniqueness of Berlin is too long for this humble text. I could go on and on. In Tiergarten, for instance, I saw an interesting conversation between the park's gardener and a man. They were both standing while talking, what caught my attention was the fact that the man was completely naked! And they were having a normal conversation!! I tried to imagine this situation in Spain or Brazil, but it was just too comical to imagine. The way the Berliners were natural about their bodies fascinates me, even among friends the lack of puritanism may be easily observed.

As I said, I could go on, but won´t! There are just too many great things to say about Berlin! My suggestion is for anyone who is thinking about travelling, just go to Berlin; just one thing, I would advise you to go in summer time!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Imperialismo cultural brasileiro?

Posto aqui comentário de minha mãe a respeito de um texto que eu a enviei sobre "imperialismo cultural" brasileiro na África lusófona.

"A impressao que tenho é que isso é só mesmo tema pra encher lingüiça de congressos. Aqueles encontros em que se encontram sempre as mesmas pessoas, para se dizerem sempre as mesmas coisas. Pena é que muito dinheiro se vai nisso, que poderia, por exemplo, estar sendo aplicado para aplacar outras questões muito mais prementes em áfrica. Ou então enriquecendo os governantes corruptos [desculpe a redundância] daqui da áfrica.

Pelas minhas andanças aqui em moçambique verifico ainda uma forte predominância das línguas nativas [13]. As crianças que não chegaram a escola, só falam a lingua local. fora de maputo e ate em maputo mesmo, os jovens nas ruas falam entre si, na língua nativa.

A população em geral [não falo das atuais elites dirigentes], todos eles falam português como segunda língua—falam com sotaque nativo, mal e escrevem pior ainda [jorgen (norueguês, coordenador do projeto) fala e escreve português mais correto do que carlos roque (o gestor do projeto)]. Alguns deles são inclusive capazes de saber a procedência de tribo pelo sotaque com que se fala o português!

A ex-elite mestiça ou branca ainda residente, remanescente dos portugueses, porem, fala o português de portugal. Eles aprendem português como primeira língua, e é claro, raríssimos falam changana [a língua nativa mais falada aqui]. Fiquei chocada uma vez na casa de um desses remanescentes da ex-elite portuguesa quando ouvi a expressao ‘pretogues’ que usaram, ao referirem-se à fala dos pretos em português.– isso é mais que uma questao de influencia linguistica de tv, é sócio-linguistico, no entanto, ‘i’d bet this has not been discussed at the congress’

A grande e quase total maioria da população de moçambique não tem televisão em casa... aliás, não tem nem água nem saneamento nem luz elétrica em casa. Aliás, rádio é raríssimo nas casas... aliás...

O povo, o povo mesmo, não tem nenhuma hostilidade, são simples, ingênuos, amostrados, e tem uma dificuldade de entender e de se expressar em português, seja qual for --de portugal ou do brasil! O que faz medo é o que a globo esta a fazer com os miúdos das elites, os filhos dos dirigentes, estes vêem a globo internacional! Pelos canais abertos também, a influencia da tv, das novelas da globo, em particular, é inegável: domingo passado, estava eu no quarto do hotel em cuja entorno existem uns três prédios pardieiros cheio de gente, quando ouvi um grito, vindo de um desses prédios, de um meninote: ‘mmmmmmmmmmmiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiirrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrnnnnaaaaaaaaaaaaaaaaa” . ta passando aqui, a novela alma gêmea e este é o grito de um de seus personagens que, ao que parece, esta na moda aqui.

Esse menino provavelmente fala changana, pretogues e tem o sonho de ser ronaldinho gaúcho e de conhecer o brasil, que a globo introduz ao mundo [a globo é a hollywood das novelas, e vende para o mundo a idéia de brasil ,que os filmes americanos vendiam do american way of life],,, Essa influencia é também terrível pras crianças que falam português brasileiro ... hehehe, para adultos que falam português brasileiro também, hehehe. E disso o congresso também não deve ter tratado!


cheiros, aninha"