domingo, 2 de novembro de 2008

E a esperança venceu o medo

O Lula deles.


Obama e Lula representam o melhor que os sistemas políticos de seus países são capazes de produzir, por meio de seus instrumentos, mecanismos, incentivos e barreiras, canalizando aquilo que há de mais progressista em suas respectivas sociedades.


Assim como Lula para o Brasil, Obama será o grande líder dessa época. Lá, como cá, tão cedo se verá outro líder com semelhante inteligência política e poder de comunicação. Ambos marcarão uma época não só pela carga simbólica intrínseca a suas eleições (precisamente no que se refere à questão sócio-econômica no Brasil e racial, nos Estados Unidos). Mas também porque encarnam o que há de mais novo e original em termos de políticas públicas em seus países. Ambos os casos denotam também a capacidade de renovar-se de cada sociedade. Entre a fundação do PT e a chegada de Lula ao poder, passaram-se 20 anos. Nos Estados Unidos, em 20 meses Obama saiu da condição de azarão à de franco favorito a dois dias do pleito, passando pela férrea maratona que são as primárias. Os críticos do sistema político americano deveriam parar para refletir um pouco sobre o significado dessa diferença. Também depõe a favor do projeto de reforma política empacado no Congresso. Um político como Obama jamais emergeria do nosso sistema partidário tal como ele é hoje, por exemplo.


A vitória de obama é a vitória de uma geração sobre a outra (olha aqui, por exemplo). É a contemporaneidade, com o que tem de melhor a oferecer - cosmopolitanismo, pragmatismo, tecnologia, tolerância, inteligência, racionalidade - sobre a mentalidade ultrapassada, bipolar, ideológica, arrogante dos últimos anos. Obama marcará esta época pelas suas políticas públicas imaginativas e inovadoras, colocando a favor do setor público americano o que os americanos têm de mais avançado em termos de tecnologia social. É a social-democracia à americana de volta e com força total.


Não é precoce antever o papel essencial que terá o presidente Obama em desencadear um processo de transformação em seu país e, conseqüentemente, no mundo. Sua campanha, que revolucionou nos meios assim como na mensagem, é a melhor evidência do que podemos esperar de sua presidência.


É sempre melhor acreditar na esperança a sucumbir diante do medo. Os americanos seguem o caminho brasileiro. Bem vindo ao clube.


(Embora eu prefira o Lula deles ao nosso Obama!)

3 comentários:

Anônimo disse...

Tu prefere Obama a Lula? São coisas e situações completamente distintas, mas essa me surpreendeu. Explica ai

Dado

Bernardo Jurema disse...

concordo contigo que são situações bem distintas. eu tenho consciência disso, senão não apoiaria lula e ficaria decepcionado e esperando que ele agisse como se fosse o presidente da suécia e não do brasil! :) mas obama reúne qualidades - intelectual, pragmático, eloqüente - que raramente são vistas conjuntamente em um político, sobretudo no brasil.
Como disse no texto, lula e obama representam, cada um, o que seus países (suas circunstâncias) têm de melhor a oferecer politicamente. Não me surpreende, portanto, que o que os americanos tenham de melhor a oferecer seja bem melhor do que o que nós temos de melhor a oferecer, politicamente falando.

E PLURIBUS UNUM disse...

Exatamente como se perde a razão quando se perde a estribeira, perdemos a razão quando tudo que odiamos é exatamente aquilo que necessitamos, naquele ano em que Lula pronunciou a frase que o Obama agora parafraseia em seu discurso, surpreendeu os brasileiros e agora passa quase desapercebido pelo mundo no discurso do Obama,
é claro que os brasileiros mais atentos como vc viu e vê as palavras do líder do terceiro mundo não como orientação ideológica, mas como inspiração...
até porque as verdades de cada nação é interdisciplinarmente diferentes,como por exemplo o pleito de cada país, como as implicações de cada país, mas o sinal de igualdade por lá no passado e agora se traduz nas dificuldades econômicas vividas e vívidas em cada ocasião, a esperança vence o medo quando o bolso, a parte do corpo humano mais sensível é atingida, com uma brisa de esperança, de sentimento de afago é sentida...só quem não quer ver não vê as mudanças implantadas desde a era Collor, passando pelo Itamar por F H C e, desembarcando no Presidente Lula, cruzand o Cabo das Tormentas, que não seria transposto, se não houvessem todos eles (presidentes) e todos os outros anteriores, a história mostra que de uma maneira ou de outra todos se copiam e se complementam, agora com o evento da globalização mais gente se copia e se complementa. deve ser o tal do efeito borboleta sei lá!
O importante é que mesmo com toda arrogância da "way of life" possamos ver que a esperança de haver segurança num país emergente seja estrutural ou sentimental...a ponto de uma primeira dama se vestir com um modelito "amero -cubano" e um presidente citar outro presidente "brasuco - cubano". A esperança como o amor chega a ser BREGA. Quem viver verá!!!