A troca de dados on-line é uma das grandes transformações do século 21 porque democratiza o acesso à informação e a produtos culturais que, se fossem depender da lógica do mercado apenas, permaneceriam restritos a círculos ínfimos de iniciados. O acesso ilimitado a dados, em todas as suas manifestações - vídeo, música, texto, fotos - tem o poder de propagação da informação. No momento em que se cobra por esse acesso, automaticamente o alcance potencial da informação é limitado. Um consumidor mais bem informado é um consumidor necessariamente melhor.
Um estudo recente (leia AQUI artigo publico no The Independent) indicou que aquelas pessoas que costumam baixar música gratuitamente na Internet são os que mais gastam consumindo música. O detalhe é qual é o tipo de música e produtos culturais os quais eles consomem. Não são mais aquelas da cultura de massa - e isso é provavelmente o que mais incomoda as grandes corporações - não a distribuição gratuita em si. Afinal, o criador, o artista, ele só tem a ganhar com a disseminação de seu trabalho. É o intermediário que deixa de ganhar e é isso que incomoda a indústria fonográfica.
Um exemplo disso é o cineasta chileno radicado na França, Alejandro Jodorowsky - um grande diretor e roterista. E se ele fosse depender do mercado, eu jamais teria tido acesso a ele. Foi graças à Internet e ao compartilhamento de dados gratuito que eu tive acesso ao trabalho dele. Sua obra nunca iria passar na televisão, nunca iria passar no multiplex. Se não fosse pelo compartilhamento, eu não teria tomado conhecimento do trabalho dele e estaria me limitando como pessoa, cidadão e consumidor.
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