domingo, 4 de novembro de 2007

Edir Macedo, Che Guevara e Mickey Mouse





Neston? Existem mil maneiras de expressar a sua espiritualidade. Invente uma.



Na época em que Jesus viveu, era comum toda sorte de crendices e superstições. Uma variedade de gente vagava pelas terras. movida pelos mais diferentes motivos. Muitos eram os que se clamavam “filho de Deus” ou que afirmavam ter ligação direta com o divino. O que destacou Jesus dos outros “malucos” de então foi sua atitude política: Jesus opunha-se, pacificamente – o que o distinguia dos outros combatentes dissidentes –, ao regime romano opressor do povo da Judéia. Num comportamento altamente subversivo, ele se misturava com todos os tipos de excluídos e desvalidos e desprezava o poder esmagador dos ditadores estrangeiros. As escrituras sagradas foram escritas posteriormente, agregando novos valores e costumes das épocas em que estavam sendo elaboradas.

Todo o esforço da Igreja, por meio dos seus ritos esquisitos e dogmas obsoletos, vem no sentido de ressaltar apenas aquilo que era cultural – costumes e modos – e portanto específico daquele tempo e lugar. Tirando-se aquela tradição de seu devido contexto histórico, a atitude política de Jesus, que era o que o distinguia e que tornava a sua mensagem revolucionária e universal, e que é o essencial de sua mensagem tão pungente, é totalmente escanteada da estória oficial católica.

Sem contar as práticas anacrônicas. O celibato por exemplo. As evidências históricas indicam que os apóstolos contemporâneos de Jesus eram casados. Aí porque, alguns séculos depois, apareceu algum papa misógino, deu-se início a essa prática bizarra. Outro dia um padre italiano “saiu do armário”. Não entendi nada. Mas como pode um padre ser gay se ele não pode trepar?! “Ah, é que eu fico pensando em meninos quando bato uma punheta antes de dormir (e depois do Pai Nosso)”. Só se for! Isso para não mencionar as crendices católicas. Virgem Maria?! Imaculada concepção?! Pobre José... Todos duvidam do seu taco!

Essa coisa de desacoplar a fala e a história de Jesus da realidade na qual ele estava inserido e aplicá-las automaticamente aos dias de hoje leva a uma visão míope e tosca do mundo à nossa volta. Esse é o perigo – e a fonte – de todo fundamentalismo, pois leva as palavras ao pé da letra, sem colocá-las em seu devido contexto histórico; vê-se o passado distante sob o prisma do hoje em dia.

Olhe em sua volta e veja se você descobre quem será o Jesus de daqui a 500 anos. Há quem diga Gandhi. Heloísa Helena saiu do páreo depois que seu dente fugiu ao vivo (veja aqui). Eu ainda estou na dúvida entre o Bispo Edir Macedo, Che Guevara e Mickey Mouse.

(Depois de escrever isso aqui, apareceu a Veja com a capa de Che, revelando o “verdadeiro” Che – aparentemente, a historiografia oficial é esquerdista demais e então é necessário o revisionismo – o que apenas reforça as chances dele. Me fez pensar também como é que seria a cobertura da Veja há dois mil anos atrás... Seria algo nas linhas: “O baderneiro, mulambento e cabeludo hiponga fica distribuindo pão e vinho para os pobres ignorantes que, em conseqüência desse assistencialismo retrógrado, o adoram. Ao mesmo tempo, tenta, com essa sua demagogia esquerdóide atroz, desestabilizar o bondoso regime da nobre e iluminada elite romana.” E por aí vai...).

3 comentários:

Anônimo disse...

Tá difícil comentar aqui

Anônimo disse...

Ah, meu Cristo favorito seria Ricardo Teixeira, que se tornou um santo depois que a Copa foi designada para o Brasil em 2014.

Bernardo, você conhece o REUNI do MEC? Eh o projeto do gov Lula para aumentar vagas nas federais. Interessante. Falo um pouco dele la no blogue.

Anônimo disse...

Berna,

O post de Ferro e Rands eu tirei de um blog pernambucano e lá no Estado só quem tirou as assinaturas foram eles dois mesmo. Por isso, a vergonha é só do PT.

Dado

www.horoscopo.blogspot.com