quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mexe, mexe, mexe, mexe

Mexe, mexe, mexe 
Mexe, mexe, mexe 
Por que a arte de mexer vem desde os tempos da pedra
lascada
Todo mundo mexia, todo mundo requebrava
Todo mundo sacudia, todo mundo balançava
E cantava

Mexe, mexe, mexe, mexe
mexe, mexe, mexe, mexe
("Mexe mexe", mundo livre s/a)


Parece até que essa música da mundo livre s/a é o melô do sistema partidário brasileiro... É uma piada de mau gosto esses nossos representantes... Hoje, amanhecemos com a notícia de que a Comissão de Constituição e Justiça aprovou mudanças no nosso sistema político - dentre as quais, as mais importantes são o fim da reeleição e a extensão dos mandatos de 4 para 5 anos.

Sem nem entrar no mérito da questão... pelo amor de Deus, vamos brincar de deixar alguma coisa se institucionalizar, hein? Que tal isso, pra variar? O que dá mais raiva é a motivação por trás dessas mudanças. Antes fosse aquele jeito brasileiro de ir resolvendo os problemas no improviso, por meio de tentativa e erro... O lance é que é tudo para atender interesses particulares! Em 1997, a reeleição foi votada a toque de caixa, para atender ao grupo político do momento - a coligação em torno de FHC. Agora, para atender a outros grupos, que não querem ficar esperando na fila da sucessão, vão acabar com algo que só agora os eleitores brasileiros estavam começando a se acostumar.

Francamente! E tudo isso a despeito dos mesmos eleitores que essa corja diz representar! Ora, se formos ver a percentagem de prefeitos reeleitos nesse ano (67%, segundo este site), é justo concluir que a sociedade brasileira aprova o instituto da reeleição. Entre os cientistas políticos, há bons argumentos a favor e contra tal mecanismo. O que fica claro é que mais essa mudança não vem com o intuito de aperfeiçoar o sistema político brasileiro, tornando-o mais claro e representativo... Vem, isso sim, apenas para fazer a fila andar. Afinal, Aécio é novo mas não quer esperar 8 anos até que possa suceder ao Serra... e por aí vai. Enquanto isso, a reforma política de verdade, substancial... jaz em alguma gaveta do Congresso...

Aproveito para fazer uma defesa enfática da reeleição. Em primeiro lugar, o povo aprova. Além disso, é um mecanismo eficiente de beneficiar o bom gestor e punir o mau, de modo democrático. Aquele gestor que, aos olhos do eleitorado, não fez um bom trabalho, vai para casa depois de apenas 4 anos de mandato. Aquele que tiver seu trabalho aprovado pela população, continua. O argumento de que a reeleição favorece quem está no poder é falha em mais de um sentido. Há o ônus de se estar no poder - todos os problemas da cidade podem ser atribuídos ao incumbente. Por outro lado, nada impede que a máquina (ou o "bônus" do poder) seja usado em favor de um aliado do mandatário incumbente. A história recente mostra que não há nada garantido. Aqui mesmo, em 2000, o candidato incumbente a reeleição, Roberto Magalhães, competiu com apoio dos governos estadual, federal, do poder judiciário local e da imprensa - e perdeu. Marta Suplicy, em 2004, também foi incapaz de se reeleger, assim como todos os governadores do Rio Grande Sul desde que a reeleição foi adotada.

Mas minha raiva nem é com o fato de que algo bom esteja em vias de se acabar... mas é a motivação que move os deputados federais. Como sempre, em nosso país, interesses particulares prevalecem em detrimento do interesse público. Lastimável. Triste do país que tem essa classe política. Galera, pelo menos disfarcem! Finjam algo remotamente parecido com um debate público! Pelo menos isso, pelo mínimo de respeito ao povo, façam um teatrinho! 

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