quarta-feira, 30 de maio de 2007
Eu acho que não tem santo nessa questão do fechamento da emissora venezuelana. Se a CNN usa imagens do México ao se referir à Venezuela, os meios venezuelanos cooptados pelo regime não passam imagens das manifestações contrárias à nacionalização... Reconheço que esses canais radicalizaram, não nego isso. Mas concordo com nosso Presidente Lula, que pensa - em privado, pois em público ele, a meu ver corretamente, não emite opinião - que é um erro político, doméstica e internacionalmente, a radicalização da parte de Chávez. Se por nenhuma outra razão, apenas porque parece estar despertando setores insatisfeitos mas até então silenciosos, como os estudantes universitários das redes pública e privada... Mas aí entra em cena a diferença da natureza de um e outro mandatário. Lula é um conciliador, que quer achar convergências - nada mais emblemático do que o Programa Nacional de Biodiesel. Chávez é o oposto, busca a divisão de sua sociedade, o confronto, o embate. O tempo nos dirá qual das duas posturas é mais eficaz. Por fim, não acho a comparação, tal como feita no editorial do Valor Econômico, com Stalin um disparate, pois o Valor explicitamente se referiu ao processo de centralização política e econômica por que passa a Venezuela, processo semelhante àquele levado a cabo na URSS.
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A matéria da Veja que acusa Renan, expondo sua vida íntima, sem ao menos se dar ao trabalho de verificar a notícia - típico da prática jornalística da revista - me fez pensar sobre as diferentes formas que as sociedades contemporâneas lidam com a questão da privacidade dos seus homens públicos.
Na França, a imprensa preserva ao extremo a vida privada de seus homens públicos. Durante anos, sabia-se do caso extra-conjugal de Miterrand, e de sua filha. Somente anos depois sua morte, o caso veio a público. A maneira como a imprensa tem acompanhado as idas e vindas do novo "primeiro-casal" é a exceção que confirma a regra.
Nos Estados Unidos, por outro lado, temos a antítese do "sistema" francês. Lá, caiu na rede é peixe - tudo está valendo. Nem o Presidente Clinton escapou... Mas a regra vale para todos. É comum deputados ou senadores terem detalhes de suas vidas íntimas reveladas ao público. No caso dos moralistas, aí o estrago é, naturalmente, maior. Newt Gringitch, um dos paladinos do puritanismo e um dos algozes de Clinton na época do charuto, recentemente confessou que, durante aquele tempo, tinha um relacionamento extra-conjugal! Obama Barak, um dos fortes pré-candidatos democratas à Casa Branca, se antecipou ao costume e revelou, em livro, que já havia cheirado cocaína - não causou maiores abalos.
E no Brasil? Bem, por aqui, prevalece um meio termo. Um meio-termo, a meu ver, preocupante. A vida íntima do político vem à tona sempre que convirjam interesses entre a grande imprensa e setores políticos. Como resultado, a regra da exposição e do escrutínio público serve para uns, mas não para outros. Os critérios para isso permanecem, no entanto, obscuros. Assim, em 1989, Collor usou um suposto aborto de uma ex-mulher de Lula (aliás, esse seria um dos fatores que o então candidato petista teria chegado tão abatido ao fatídico debate). Igualmente, os hábitos etílicos do Presidente Lula são notórios, falado em tom de chacota por todos os comentaristas políticos na Imprensa. A "Casa de Ribeirão", que era freqüentada por Palocci, e suas "profissionais do sexo", também se tornou público. Os hábitos consumistas de Marta Suplicy são igualmente conhecidos. Por outro lado.... nada se fala do fato - que eu não condeno, frise-se - de Aécio Neves cheirar cocaína; assim como não se falava disso quando Collor era presidente, e também cheirava. Nem que Luiz Eduardo Magalhães morreu em decorrência de um porre de pó. Ou que o Senador Jarbas é alcóolatra. Dois pesos e duas medidas, com um corte partidário revelador...
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Outro dia recebi um "artigo", desses repassados por e-mail, criticando Lula por, supostamente, tentar se passar por "pai do biodiesel". O texto é uma bobagem tremenda, nem vale a pena reproduzi-lo. Pode-se até não gostar de Lula e do PT, e existe muito o que se criticar ao seu governo - embora eu o apóie, sei que há problemas. Por isso mesmo, não é necessário exagerar e reclamar daquilo que está certo. O Presidente Lula não clama que tenha inventado o biodiesel. Ao contrário, ele conclama o tempo todo a iniciativa privada a aumentar investimentos no setor. Agora, uma coisa tem que ser reconhecida - seu governo tem dado ênfase ao biocombustível desde o começo, antes de a moda da "mudança climática" catapultar o tema para o topo da pauta pública. Lembro que, quando cheguei aqui em Brasília no final de 2004, começo do governo Lula, assisti a uma palestra de um diplomata, e me recordo que ele falou que uma das obsessões do Presidente Lula, já
àquela época, eram os investimentos e as políticas públicas para biodiesel e bioenergia - por suas conseqüências ambientais, sociais e econômicas. Afinal de contas, não se trata de discutir "quem inventou" essa tecnologia autóctone... Mas o empenho do Estado brasileiro em desenvolvê-lo, por meio de muita verba pública - e essa é uma conquista de toda a sociedade brasileira - tudo seria em vão se desde 2003 este governo não tivesse "vendido o peixe" para todos os parceiros econômicos do Brasil! Existe uma série de políticas públicas desse governo para garantir que esse novo ciclo da
economia brasileira não repita vícios antigos dos ciclos prévios- como a concentração de renda regional e social.Quem quiser se informar sobre tais programas vá aqui - www.biodiesel.gov.br/ . Essa, sim, é a grande novidade
do Governo Lula - crescimento econômico com distribuição de renda. O que tem beneficiado demais a nossa região, historicamente tão desprezada!
Não é à toa que a oposição ao Presidente Lula tem tanta dificuldade em definir um discurso coeso que encontre ressonância junto à sociedade - se apega às bandeiras erradas, como é o caso desse textinho... Uma pena,
pois poderia, por exemplo, levantar a bandeira da reforma política, tão urgente... ou a reforma do Orçamento, foco de corrupção... Mas, por que não fazem isso? Preferem palavras ao vento, demagogia. Oposição substancial dá trabalho. Mas alternância é bom por isso - enquanto o PT e as esquerdas vão aprendendo a ser governo (uns já desistiram da dureza de ser governo, demonstrando tendência ao reles oposicionismo, como o PSol), o PFL vai aprendendo a ser oposição.
terça-feira, 29 de maio de 2007
Acho grave o que ocorre na Venezuela. A meu ver, reforça a tendência centralizadora e hegemônica do regime que ora se instala. Para mim, a liberdade de expressão e a pluralidade de idéias - mesmo as mais estapafúrdias! - são valores sagrados, que não devem supor exceções ou arbitrariedades. Uma amiga uruguaia, Lyliam Seferin, daqui de Brasília, no entanto, apóia entusiasticamente a medida; seu texto, que recebi por e-mail e posto aqui, apresenta elementos que certamente ajudam na reflexão sobre tema complicado, que traz à tona opiniões tão apaixonadas...
Queridos compañeros, amigos, familia,
Pude constatar con horror ayer, una vez más, el muro poderoso de silencio, desinformación y manipulación de noticias de que se valen los grandes medios de comunicación.
Me refiero concretamente a las noticias vehiculadas sobre el fin de la concesión de RCTV y al nacimiento de TVES.
Todos al unísono hablaron de "atentado a la democracia, muerte de la libertad de prensa, fortalecimiento de una dictadura "etc. etc.
Mostraron imágenes, que como en el caso de la CNN en español, ni siquiera habían sido registradas en Venezuela y sí en México en otra ocasión y por otros motivos que no era al que se referían.
Dejaron de mostrar sin embargo al verdadero mar humano que esperó con entusiasmo y alegría en las calles de Caracas y en muchas ciudades de Venezuela el nacimiento de la nueva emisora TVES.
Jamás hicieron referencia a que esta práctica de retirar o no renovar concesiones es usada en muchísimos países sin que a nadie escandalice, lo han hecho los países europeos, los asiáticos y el mismo "campeón de la democracia" los Estados Unidos de América.
Vehicularon a un Fox vociferante que llamaba de dictadura a un gobierno democráticamente elegido por el pueblo, pero claro él sí se utilizó de los dos canales más poderosos de su país para elegirse y a ellos debe lealtad.
Todos recordamos el papel vergonzoso que tuvo la midia brasileña en el primer turno de las últimas elecciones así como lo tuvieron en el pasado, especialmente la Globo en su campaña de apoyo a Collor.
Pero nada es comparable al papel indigo que ha tenido la RCTV, desde el día mismo en que por primera vez se elegía el presidente Chávez como representante legítimo de un pueblo que en él había depositado todas sus esperanzas.
Recuerdo claramente el estupor que me causó ver en ese canal a personas declarando que "a éste lo vamos a
tumbar!". En aquel mismo momento el pueblo en las calles, por cientos de miles festejaba el triunfo de su candidato por encima de todas las campañas calumniosas que se habían vehiculado.
Como uruguaya, habiendo vivido una terrible dictadura, no podía aceptar aquellas expresiones signo de una brutal intolerancia, desrespeto a los derechos del pueblo y muestra de rencor clasista sin disfraces.
Les recuerdo aquí que después de la crisis de 2002 en Uruguiay, el presidente Batlle contaba con la aprobación de apenas el 5% de la población, pero ninguna voz se levantó para "tumbar" a este tan impopular presidente.
Lo que hicieron los uruguayos fue redoblar esfuerzos para cambiar, en las elecciones que vendrían en 2004, legitimamente a ese gobierno impopular por otro que verdaderamente lo representara. Así funciona la democracia.
Obtuvimos entonces el triunfo del Frente Amplio y la izquierda organizada en Encuentro Progresista - Nueva Mayoría, que de forma libre, por el voto popular, elegía en el primer turno con más del 50% de los votos al presidente Vázquez.
La oposición venezolana que vocifera desde el día uno del gobierno chavista ha tenido innúmeras oportunidades de actuar de la misma forma, no lo ha conseguido simplemente porque el pueblo reelige a Chávez.
La RCTV fue la emisora que estuvo siempre muy claramente llamando a derrocar por cualquier medio a este presidente elegido, una y otra vez, por el voto popular, e incluso hubo quien dijera en ese mismo canal que una magnicidio era legítimo!
Basta rever las imágenes increíbles del documental "The revolution will not be televised"
http://video.google.com/videoplay?docid=5832390545689805144
para recordar el papel de esta emisora "democrática".
Podemos también refrescar nuestra memoria con "Beyond Citizen Kane"
http://video.yahoo.com/video/play?vid=153762&fr=
sobre la Globo, tan familiar a todos nosotros, para recordar que jamás estos imperios de comunicación defienden los verdaderos intereses del pueblo y sí los suyos propios y el de los grupos de poderosos que a ellos se asocian.
Sería bueno recordar aquí también el papel gigantesco, de incluso guerra psicológica, que los medios pueden jugar en una batalla donde se sirven aún de las peores mentiras.
Radio Swan, instalada en la isla del mismo nombre, parte de la República de Honduras, fue creada exclusivamente para desestabilizar al joven gobierno cubano.
Esta emisora fue la responsable de repetir una y otra vez la noticia, absolutamente falsa, de que el gobierno revolucionario retiraría la patria potestad a los padres y por tanto el estado se encargaría de sus hijos enviándolos incluso a la URSS para su adoctrinamiento.
Podemos imaginar el terror que causaba en madres cubanas desinformadas estas noticias. El Papel que tuvo Radio Swan en el exilio al que fueron enviados más de 14000 niños cubanos entre los años 60 y 62 está claramente hoy comprobado. Para recordarlo basta leer sobre la Operación Peter Pan, ignominia que aún hoy causa sufrimientos a muchísimas familias cubanas.
En esta batalla, por el poder y salvaguardia de sus inmensas fortunas,los medios son todopoderosos. Por eso compañeros, porque la información es un derecho de todos pero un deber para los militantes, los invito a romper el silencio.
Porque cada uno de nosotros puede ser instrumento de propagación de la verdad, les envío el acceso directo a Telesur, que es nuestra y que tiene nuestra cara.
Porque en ella somos protagonistas y porque estoy segura que estará a la altura de nuestras expectativas. Y, fimalmente porque como afirmaba Joaquín Torres García, "Nuestro norte es el sur".
http://tv.venezuela.com/venezuela/telesur.html
besos cariñosos a todos los que llegaron al final!
Lyliam
terça-feira, 8 de maio de 2007
segunda-feira, 7 de maio de 2007
Ninguém anda mais em Recife (refiro-me à classe média, bem entendido). Prevalece a ditadura do transporte individual motorizado (vulgo, carro).
Noves fora ser este meio de transporte altamente poluente, uma caminhada pode ser algo tão agradável! Mais que isso, é saudável tanto ecológica quanto socialmente. Não há melhor maneira de se conhecer a sua cidade; descobrir pequenas belezas não observáveis a 40, 50 km/h; perceber a diversidade cultural e a sabedoria popular, ao interagir, nos ambientes públicos, com pessoas diferentes dos seus próprios meios.
No entanto, a paranóia com a questão da segurança, torna a classe-média recifense refém de si mesma – presa em seu próprio cativeiro – alimentando-se de sua alienação e ignorância em relação ao mundo que a cerca, à sua própria cidade.
Não querendo desconhecer a crise de segurança pública que assola a cidade – cujas raízes estão nas profundas desigualdades brasileiras, potencializadas pelos 8 anos de desgoverno jarbista – é evidente que se trata de caso de paranóia. Afinal, apenas um medo embasado em estereótipos, irracional, desprendido da realidade objetiva, explica que alguém se recuse a andar a pé, mas se sinta mais seguro porque os vidros do seu carro são (ilegalmente) mais escuros!
Por trás dessa neurose coletiva, subjaz o profundo desconhecimento do outro – o pobre, sempre visto como agressor potencial, quando não o subalterno, claro.