sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Em defesa do Congresso Nacional

Falar mal de político é tão fácil quanto jogar peteca: é só dar um tapa


O esporte predileto dos analistas políticos, estejam eles nas páginas de jornais ou nas mesas de bar... ou em blogues!, é meter o cacete nos nossos parlamentares. Jogo fácil, até covarde. É como jogar peteca. Duro é ter uma visão menos maniqueísta dos fatos.


O Congresso Nacional é um espaço fantástico de expressão democrática. Plural, ainda que majoritariamente conservador, ele reflete muito o nosso povo. Me preocupam as reações manifestadas por certos setores da sociedade sempre que as decisões ali tomadas não satisfazem aos seus interesses ou visões de mundo. O que determina o grau de legitimidade das instituições não é o resultado final obtido, mas que o devido processo tenha sido respeitado. Trata-se de uma visão autoritária aquela que vê como ilegítimo um resultado apenas porque este não lhe satisfaz.


Boa parte das críticas feitas ao CN parecem revelar, subjacente, um viés autoritário, um certo temor à democracia – medo de povo, que, por meio do voto direto e secreto, e em geral legítimo, escolheu estes que aí estão para os representarem. Digo isso para defender uma instituição de cuja linha ideológica preponderante entre seus membros eu discordo frontalmente.

5 comentários:

slavo disse...

é porque a imprensa e as pessoas em geral falam dos políticos como se eles tivessem vindo de marte, como se não tivessem sido escolhido, ainda que com a força do dinheiro e da maquiagem publicitária, eles foram escolhidas e vieram desta sociedade que está ai, o problema é que essa sociedade se recusa ver-se no espelho.

Bernardo Jurema disse...

exatamente. bem colocado - curioso como se critica "os políticos" de forma abstrata. a frase de stédile postado no blogue de dado mesmo, é de um autoritarismo implícito - e tem quem aplauda...

Anônimo disse...

Jogar peteca é mais difícil. Porque é difícil perceber que a posição "crítica" é sempre mais fácil quando se está de fora das instâncias de governo. É o que acontece dentro do PT. Porque é muito fácil se colocar como guardião da moral quando "o diabo sempre são os outros", mesmo quando esses "outros" foram durante muito tempo parte de um "nós companheiros de luta". Não gosto das práticas do Campo Majoritário no PT, mas acho absurdo o que os antigos "companheiros" fazem ao jogar pedras como se ninguém soubesse de nada, como se existisse de fato um antes e depois da crise(exirtir até que existe, mas... em que termos?). É tristemente falso quando falam da "fracção podre do partido". É falso porque é fácil jogar essa pedra quando os podres se tornaram públicos, difícil é assumir o ônus político da "queda" de um partido como o PT como um todo. Nunca fui petista, nunca me filiei ao partido, por razões muito pessoais. Mas sempre achei que essa postura da qual você fala, BJ, em relação ao CN, era a que se supunha existir no PT, como a de um partido "instituido"(onde se supõe a crença na legitimidade das instituições), sem moralismos personalistas(malgrada a posição de Lula dentro do PT antes da sua chegada ao poder). Com a crise, as migalhas do esforço dessa construção mitigada de unidade no partido enquanto instituição aparecem(um estudo sociológico das disputas internas no partido mostrariam muito sobre a composição de classes politicas fraturadas por lógicas de classes sociais atuando na disputa pelo poder interno). O PSOl surge como opção moral para alguns. Para outros, a desilusão. Para outros ainda, a crença autocomplacente de que "eu não fiz parte de nada daquilo", um "PT histórico" aparece se contrapondo às "práticas atuais". Dirceu não é histórico? Genuino não é? Maquiavelismos revisionistas e maniqueismos a parte, fica a defesa de BJ das pobres instituições tupiniquins que, como dito, representam nossa democracia ao fervilhar de nossas contradições mais aviltantes.
É isso BJ...
abraços saudosos,
Jampa

Dado disse...

Isso dava uma música do Mombojó. O elogio da sujeira. A podridão dos que detonam, a face escovada dos que se beneficiam.

Ouvi, e concordo, de um colega jornalista aqui no Congresso Nacional que depois de um ano aqui a gente pode trabalhar em qualquer lugar do Brasil.

O jogo aqui é para profissionais. Quem não é lobbista, fica de fora do jogo. Ai acaba dizendo que o juiz tá comprado.

Felizmente, Ponta de Mangue existe para os amadores se esquecerem das agruras dessa máquina de fazer loucos.

Concordo contigo, é preciso acompanhar e é feio espernear. Mas a imprensa nem sabe o que é a discussão do orçamento no Brasil. Vai demorar para expressar alguma idéia dos jogos de forças que são travados aqui.

Dado disse...

A frase de Stedille não tem nem porque ser aplaudida. É apenas uma triste constatação. Tem gente que prefere plantar maracujá mesmo do que esse negócio aqui.