Enquanto boa parte do eleitorado não participava do processo (até a década de 1980), ou, depois disso, enquanto o oligopólio midiático podia repassar sua versão sem correr o risco de ser questionado, essa maneira de disputar o poder funcionou. Agora, com o amadurecimento da Internet brasileira, isso começa a se tornar impraticável. A disputa política, no Brasil, está saindo do armário.
Os pontos desse emaranhado começam a se ligar. Em entrevista recente (veja aqui), FHC elogiou Daniel Dantas e Gilmar Mendes, e criticou o Delegado Protógenes Queiroz. (Se ele fosse mais atinado aos novos tempos, jamais teria falado o que falou. Qualquer pessoa familiarizada com YouTube, teria tido mais cuidado com quem elogia publicamente!). Inspirado nas opiniões do ex-presidente, o jornalista Luis Nassif esboça uma análise da história recente do país (aqui), colocando como o foco do jogo político atual a formação do Sistema Brasileiro de Inteligência - em que se opõem os grupos ligados aos criminosos do colarinho branco, Daniel Dantas à frente, e aqueles independentes.
Vamos ver, no desenrolar da CPI dos Grampos, como se posicionam os grupos políticos em relação ao caso. Vai ficando cada vez mais difícil esconder o posicionamento atrás de posturas moralistas (isso funcionou no caso do suposto "mensalão"). FHC já se posicionou.
Um programa da TV Câmara entrevistou os jornalistas Leandro Fortes (Carta Capital) e Jaílson de Carvalho (O Globo), sobre as investigações da Satiagraha. É o que tem de mais esclarecedor sobre o tema. Por pressão de Gilmar Mendes (defensor da liberdade de imprensa), o site da TV Câmara retirou a entrevista do ar. Mas a pressão da blogosfera (Azenha e CartaCapital), fez com que a TV do Poder Legislativo voltasse atrás na decisão tão inócua quanto burra (veja aqui a entrevista ou então baixe aqui) . Queriam repetir, com essa história de Grampolândia, uma espécie de "Mensalão 2: redux". Se esqueceram de uma coisa - o país mudou desde então... Não colou.
Essa série de artigos, entrevistas e declarações recententes (aliás, que só têm tido a repercussão que tiveram graças aos blogs e ao YouTube) começam a tornar mais nítido o campo do jogo político brasileiro. Às vésperas das eleições de 2010, tal transformação, ainda que tardia e lenta, é muito bem vinda. Embora algumas pessoas ainda tenham receio, por exemplo, o jornalista/enólogo Renato Machado, aqui.
(Em tempo, a entrevista dos dois jornalistas é obrigatória para quem quiser entender o atual cenário político nacional.)
Um comentário:
Beleza BJ, eu vinha tentando arranjar tempo para fazer esse ajuntamento de links que você nos presenteia. É isso mesmo, eu acho que as posições políticas vão se delineando mesmo, e a blogosfera brasileira tem mostrado ser impactante, ao menos no próprio meio onde esses debates ganham forma e repercutem. Abraço!
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