sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Impressões econômicas


Compartilho aqui uma breve análise feita por um tio meu, empresário de Recife, há alguns meses, sobre a atual conjuntura econômica. Foi uma resposta a um artigo de Luis Nassif sobre a valorização do Real.


Esse assunto que o Nassif se refere é um bocado complicado mesmo. Minha sensação é que nós estamos no limite do prazo de validade de alguns instrumentos do sistema capitalista que está em vigor, especialmente com a chegada da India e da China ao processo. A China é o caso mais caricato, sistema político centralizado, partido único, sem eleição, mas ninguém reclama. Capitalista todo, no entanto câmbio fixo, economia estatizada, o Estado é sócio das grandes corporações, corrupção endêmica, não respeita propriedade indústrial, na prática, de ninguém. Educação em alta, talvez esta seja a chave de tudo, não o câmbio ou qualquer outra variável económica, o grande valor a ser agregado na produção é o conhecimento.

A Exploração intensa de reservas minerais, na China, indústrias defasadas tecnologicamente, mas num grau de eficiência que ninguém entende como é obtido, uns dizem que é a promiscuidade com o Estado, mas o Estado tem superávits, outros dizem que são os ganhos de escala do mercado interno, outros dizem que é a mão de obra barata, e por aí vai. O facto é que essa conjuntura toda tem mandado o meio ambiente por lá pras picas e a economia cresce tanto que incomoda a eles mesmos. Ainda assim nem sequer 20% da população deles participa desse processo, imagine quando novas parcelas forem se agregando à aurora capitalista.

Não é fácil avaliar o reflexo dessas questões económicas, sobretudo cambiais, a que você se refere, mais parece uma rosca sem fim de cosequencias, em várias direções e em sentidos diversos, alguns positivos e outros negativos. Os analistas económicos costumam, cada um, defender uma certa tendência, e os que acertam, depois contam a história e dizem que tudo previram atempadamente, e os que erraram calam e a gente esquece do que eles disseram à época.

Nào sou alarmista, nem realista, acho que o homem molda a realidade, sou otimista, acho que vamos achar uma saída. Mas, aí deve ser ou o decrescimento, que me mandaste outro dia, e então mudaremos a visão do mundo que prevalece hoje ou, nos próximos 50 anos, acho que a tecnologia nos arranjará outro mundo, porque este estará fatalmente exaurido, mesmo que a China e a India desacelerem e o o PAC empac.

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