segunda-feira, 24 de julho de 2006

Em briga de marido e mulher ...

Tomar posição a respeito de eventos que não conhecemos a fundo é arriscado e, muitas vezes, nos leva a posicionamentos injustos. Não é à toa que aquele ditado popular nos aconselha a mantermos a colher longe dos conflitos matrimoniais.

Parece ser fácil, e é esse o padrão, sobretudo, daqueles que se consideram do campo progressista, acusar Israel pela maneira violenta como costuma atuar em sua vizinhança. É também lugar-comum, talvez não sem razão, qualificar essas ações de contraproducentes. O que falta a essas análises, muitas vezes motivadas pelos mais louváveis valores humanísticos, é a compreensão da complexidade do conflito. Pra começar, são dois povos com milênios de história conflituosa. De um lado, um país arrodeado de inimigos mordazes que negam seu próprio direito à existência; de outro, povos oprimidos, por elites domésticas e pelos exageros estrangeiros, que terminam por legitimar o discurso - e a prática - anti-semita.

Além de difícil de entender uma realidade complexa, a cobertura da Imprensa, sobretudo a brasileira, não ajuda. A julgar pela TV no Brasil, é mais uma guerra do Oriente Médio. Só na CNN, tem-se uma idéia mais clara da dimensão do conflito.

Quem quiser entender um pouco sobre o que está ocorrendo, recomendo a leitura de um artigo muito longo, mas muito bem escrito, publicado em 2002 na revista The New Yorker, sobre o Hezbollah. Para quem acompanha de perto essa parte do mundo, a atual guerra e suas proporções não devem surpreender. Nesse texto, o autor descreve seu encontro com autoridades do Hezbollah, os objetivos do movimento, seus métodos de ação, quem o financia - e por quê - e o que ele representa em termos de segurança nacional e de geopolítica para Israel. Como diz um general israelense no artigo: "It's not tenable for us to have a jihadist organization on our border with the capability of destroying Israel's main oil refinery." E completa, de forma bastante premonitória: "This is the Hezbollah tail wagging the Syrian dog. As far as I'm concerned, Hezbollah is part of the Lebanese and Syrian forces. Syria will pay the price. I'm not saying when or where. But it will be severe."

O texto, que tem duas partes (parte um e parte dois), é muito explicativo, e fundamental para quem quiser entender essa guerra que se desdobra e cujos efeitos são difíceis de prever.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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