quarta-feira, 28 de março de 2007

Sopa de letrinhas - sobre a "transformação" (sic) do PFL

E mais um partido muda de nome. Dessa vez, o tradicionalíssimo Partido da Frente Liberal. Antes de tudo, acho uma pena que os seus dirigentes tenham tomado essa decisão. É ruim para o processo político brasileiro, ainda em forma
ção, pois vai contra a institucionalização de um importante partido de direita, que contava com um bom recall, digamos assim, por parte da sociedade. Trata-se, ademais, no contexto atual, do único partido autenticamente de oposição.

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A mudan
ça do nome se deu da forma mais pefelista possível. Imposta de cima para baixo, sem qualquer debate interno ou algo que o valha. Para quem se propunha a "transformar-se", é um mau começo.

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É um lugar-comum, mas nem por isso menos correto, dizer que tudo é "orwelliano". Mas essa mudan
ça apenas agrega ao inequívoco caráter orwelliano do nosso sistema partidário! Mas letrinhas pra nossa sopa, que não significam nada. Assim, o Partido Republicano é aquele do deputado federal Inocêncio Oliveira - conhecido pelos açudes construídos com dinheiro público em suas propriedades privadas em Pernambuco. O deputado Paulo "estupra-mas-não-mata" Maluf, com sua filosofia social moderníssima, integra os quadros do Partido Progressista. Agora vêm os "Democratas" (!), ao qual pertencem os senadores ACM, Marco Maciel e Bornhausen, filhotes da Ditadura Militar. Piada de mau gosto?

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A tal renova
ção, aliás, é só de fachada. Pois vimos que até os métodos usados para mudar o nome retomam velhas práticas. Mas dizer que o DNA do DEM é essencialmente igual àquele do PFL não é mero jogo retórico. Deve-se entender isto literalmente! Assim, os velhos caciques dão lugar aos novos: os seus filhos! Saem (saem?) ACM, Jorge Bornhausen, Agripino Maia, César Maia.... Entram: Paulo (filho de Jorge), Felipe (filho de Agripino) e Rodrigo (filho de César). Maldade minha... nem todo mundo é filho de alguém! Tem ACM Neto!

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Em Pernambuco, o pouco que sobrou do PFL não foge à regra familiar... O "grande líder" do DEM pernambucano... é Mendon
ça Filho. Em Recife, a "democrata" (pefelista, entenda-se) de maior expressão é Priscila Krause (filha de Gustavo, claro!). Ou seja, o que vemos é que a verdadeira renovação do PFL foi intra-oligárquica. O resto é firula, jogo de cena, marketing...

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E nada como a alternância de poder! Se o PT/PCdoB/PSB aprendem a ser governo, o PFL aprende a ser oposi
ção. E veja que coisa maravilhosa é ver os pefelistas indignados com as defecções que o partido vem sofrendo... O feitiço se virou contra o feiticeiro, e eles sofrem daquilo de que tanto se beneficiaram no passado. E agora são ardorosos defensores de ideais modernos como fidelidade partidária e conceitos avançados como o de que o mandato pertence ao partido e não ao político individualmente. O PT defende isso desde sempre! Welcome to the club. Registre-se o caminho inverso, aliás, que os neo-oposicionistas tucano-pefelês percorrem, em relação ao PT. Enquanto este partido cresceu sistemática e continuamente a cada eleição, sempre na Oposição, foi o primeiro partido que diminuiu de tamanho ao chegar ao poder! Enquanto isso, PSDB/PFL cresceram, ainda que artificialmente, sempre que ocuparam o poder. E estão murxando agora, quando oposicionistas.

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Hoje foi o evento oficial da mudan
ça de nome. Dei uma rápida passada por lá, pois ficava perto da biblioteca, durante o meu intervalo de almoço. Fui justamente no momento "triunfante" de um discurso muuuuito "empolgante" do nosso carismático senador Marco Maciel. Registrei em foto esse momento "histórico". Quase me filio de tão empolgado que saí de lá.

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Pelo amor de Deus, perceba o sarcasmo na nota acima!



4 comentários:

Anônimo disse...

Bj, fiquei decepcionado com seu pefelismo. Mais ainda com sua empolgacao com o "democratismo" pos-pefelista! Eita... nao vi tua nota explicando sobre o sarcasmo. Mas o que que eh sarcasmo mesmo?

Abrcao!!

Anônimo disse...

Os Democratas são a única força política de densidade ideológica nessa terra devastada chamada país. Esse país de bugres, de índios, que elegem um dos seus como líder, não merece a sofisticação teórica de um partido como os Democratas. Misturar Bobbio, Merquior, Rawls com a prática política mesquinha imposta pelo grande líder bugre chamado Luis Inácio é como jogar pérolas aos porcos. O problema dos Democratas é ser bom demais para o país. Estadistas da estatura do grande governador Marco Maciel não deviam estar fazendo político com anões morais como os bugres petistas. Viva a democracia! Viva os Democratas!

Bernardo Jurema disse...

ã?? em que universo paralelo você vive?

meu filho, bugre pra mim é um carro sem capota pra andar nas dunas...

Nine disse...

bugre não é matuto????