segunda-feira, 16 de julho de 2007

PAN - PAN - PAN - PAN!!!
* * * * *
Tenho sentido uma energia muito boa na cidade com relação aos Jogos. As pessoas do Rio estão animadas, participam, querem conhecer, ajudar, fazer bonito. Voluntários uniformizados desfilam orgulhosamente pela cidade, nos ônibus, metrôs, nas ruas. Jovens, idosos, crianças... todas as faixas etárias estão curtindo ser o palco esportivo das américas. Penso que, até agora, ser sede do PAN pode ser um amadurecimento para o povo carioca.
* * * * *
O povo vaia sem saber o motivo. Deu pena... Mais os brasileiros presentes naquele Maracanã sexta-feira decepcionaram o mundo do esporte. Foi incoerente em todas as suas manifestações de vaias e em algumas de suas palmas. Vaiaram as delegações dos Estados Unidos, da Venezuela e da Bolívia. Vaiaram o presidente Lula. Aplaudiram Carlos Arthur Nuzmán. Num evento dessa natureza, não se vaia; o brasileiro vai aprender. Na premiação das equipes de ginástica a torcida esboçou uma vaia quando o time americano foi anunciado para o lugar mais alto do pódio. Laís Souza, ginasta brasileira, interveio aplaudindo e pedindo que o público a seguisse como exemplo. E todos seguiram com aplausos. Nossa torcida ainda é muito ingênua, mas vai amadurecer.
* * * * *
Apesar de vaiado, o Governo Lula foi quem mais investiu para a realização dos Jogos. Há pouco tempo atrás a falta de sintonia entre os poderes deixou no colo do Governo Federal ônus de arcar com a maior fatia do bolo. O Governo do Estado não era aliado da Prefeitura, que não era aliada do Governo Federal que tampouco era aliado ao Governo do Estado. Após a eleição de Sérgio Cabral, as obras fluíram mais rapidamente e com mais tranquilidade por parte do Governo Federal para investir. No entanto, hoje na cidade já vemos vários outdoors sabe de quem? Da prefeitura... assumindo a paternidade de obras as quais ela, quando participou, o fez de forma acanhada quando comparada à participação dos outros Governos (Estadual e Federal). Filho bonito nunca deixará de ter pai. Lula cantou essa pedra há algum tempo...
* * * * *
Acho legal ver o envolvimento dos atletas e dos torcedores. Como profissional da área, tenho a esperança de ver em breve o esporte sendo eficientemente usado como uma ferramenta de inclusão social. Um meio de ascenção social; uma forma de indiretamente reduzir gastos com saúde; um mecanismo de redução da violência e da ociosidade. Esporte como entretenimento, sim. Mas com visão social. Desta forma, toda a sociedade sai ganhando. O PAN é importante para elevar a figura do atleta, profissionais que carregam consigo a imagem da superação, da determinação, do respeito e da convivência com outras culturas para pessoas que precisam ter esses valores reforçados. É preciso apoiá-los.
* * * * *
Sou do time que reconheço todas as falcatruas que houve na realização do PAN. Mas sou do time que acredita no pequeno legado físico deixado pelos Jogos (pequeno quando comparado com o alto valor investido), bem como aquele legado abstrato que mexe com valores de conduta do cidadão. Abaixo o PAN-demônio! Força para o PAN-Americano! Mas temos que enxergar o Esporte de forma mais séria, cobrar mudanças e leis mais fortes para sacudir a estrutura desportriva do país. Não podemos ter dirigentes eportivos intocados no poder por 15, 20, 30 anos. Não podemos ter verbas repassadas para Federações (Lei Piva) sem que fiscalizemos como e onde esses recursos são aplicados. Não podemos nos deixar levar pelo oba-oba provocado pelas emoções embutidas a uma disputa e esquecer que nesse intervalo de 4 anos entre Jogos esses atletas precisam se alimentar, treinar e sustentar a si e muitas vezes à sua família.
* * * * *
Quando os dirigentes agirem responsavelmente o bastante investindo na base das modalidades, o desempenho dos atletas melhorará; com melhor desempenho dos atletas profissionais, maior a presença da iniciativa privada. Trata-se de um ciclo de investimentos.
* * * * *
Nem tudo foram flores na abertura dos Jogos. Estive no Maracanã e achei uma bagunça lá dentro. ninguém respeitou as numerações das cadeiras. A turma brigava nas filas de cerveja. Inclusive, em alguns pontos não tinha mais cerveja. Não havia lixo, então os corredores internos do estádio ficaram imundos. A orquestra também foi playback! Todos eles fingiam quando chegava sua vez de "tocar". Eu estava bem atrá e vi. Fiquei numa área cujo ingresso valia somente R$ 250,00. O ingresso mais barato para esse evento era 150,00. Sinceramente, eu não pagaria 20,00 para assistir que eu vi. 50,00 seria caro.

2 comentários:

slavo disse...

legado físico? qual? não vi uma rua ser pavimentada que beneficiasse a população, aliás, dá uma passadinha na rua da lapa, está até mais suja do que de costume, mas nenhuma atleta ou dirigente passa por aqui quem dirá no Rio de Janeiro de verdade. O único legado serão as construções públicas passarem para as mãos da iniciativa privada a custo zero, todo mundo paga mas só uns [os que não pagaram] auferem lucro.
Soa até ingênuo pensar em amadurecimento do povo carioca, quê povo? O do eixo Urca-Barra?

diogo jurema disse...

Jorge, na Cerimônia de abertura, na Vila Pan-americana, em todos os pontos de disputa dos Jogos há uma massa de voluntários. Esses voluntários são pessoas de diversos eixos da cidade. Eles estão ali e quando conversamos com eles vemos que estão orgulhosos em poder ajudar. Para mim, isso é amadurecimento cívico.

O legado físico do PAN realmente é um fator vergonhoso. Aí vem o lado ruim do super-faturamento, da falta de planejamento e de investimento... enfim, por não ter executado o que o projeto da candidatura planejava.

O problema é que o Governo teve que investir em instalações que, a princípio, deveriam ter sido obra da iniciativa privada. Por isso que pavimentação, saneamento, etc, ficaram em segundo plano. Mas o esquema de segurança, com novos equipamentos, cameras, etc, será um dos legados físicos desses Jogos.

Volto a reiterar que não apóio integralmente o PAN. Mas tampouco o abomino integralmente. Ele é importante, só não foi muito bem conduzido.