Para avaliar o Governo Eduardo
Em 2004, o deputado federal Cadoca Pereira foi o candidato da União por Pernambuco, a coligação conservadora que governa o estado desde 1999. Queria retomar o poder municipal, recuperá-lo para o seu grupo, que havia perdido quatro anos antes.
A sua candidatura foi construída ao longo desse intervalo. Ele tinha uma marca, ("Cadoca é Recife"), azul e laranja (que mau gosto). Logo em janeiro do ano eleitoral, os muros da cidade do Recife estavam tomados por seu logotipo - em flagrante crime eleitoral (veja foto abaixo, de minha autoria). Se, do ponto de vista do marketing, o candidato fez um "bom trabalho", do ponto de vista político, foi um fiasco. Ninguém sabia nada, nenhuma idéia ou posição do candidato em relação aos grande problemas da cidade. Um dos seus "grandes trunfos" foi dizer que o Prefeito João Paulo havia prometido 40,000 casas, mas só teria construído 4,000.
Cadoca se preocupou com a micro-política. E se esqueceu da macro-política. Macropoliticamente, o governo João Paulo havia sido inovador e diferente. Ao invés de ver como "só 4,000 casas", a população pensou "ele fez 4,000 casas!" - se micropoliticamente havia falhas, macropoliticamente a inversão de prioridades redistribuidora de riqueza de fato havia ocorrido. Ou seja, a grande promessa macropolítica do candidato petista em 2000 havia sido cumprida. Cadoca foi incapaz de perceber isso, e seu discurso não encontrou ressonância. João Paulo se reelegeu com folgada vantagem, no primeiro turno.
O Governo Jarbas/Mendoncinha é um fiasco. Trata-se da gestão "competente" do status-quo. E mais - um líder "preguiçoso", sem pretensões políticas, cansado, que já havia atingido o auge, e protegido pela imprensa e pelo poder judiciário. Não liderava, deixou o governo frouxo. Ou seja, ainda que micropoliticamente seja possível encontrar coisas interessantes, aqui e ali, macropoliticamente é um desastre. Particularmente desastroso em três áreas - educação, saúde e segurança.
Os professores da rede pública de Pernambuco recebem o salário mais baixo do Brasil - mais do que o Acre, por exemplo, estado com PIB bem menor que o nosso. O único grande investimento na área foi o Projeto Avançar (telecurso 2000) - que é um bom projeto - mas foi implantado em 2001, quando Raul Henry era secretário de Educação e Cultura, e terminou já em 2002. Teve cunho meramente eleitoreiro, foi um desperdício de recursos públicos, e serviu apenas para garantir o candidato do governador como o deputado estadual mais votado daquele ano. A saúde pública estadual é um desastre, e o índices de Pernambuco não condizem com sua riqueza - sem contar as disparidades regionais. Pernambucano gaba-se de que Recife é "o segundo pólo hospitalar do país"... privado! Finalmente, temos a crise de segurança pública, e seus efeitos gerais e devastadores. Em Novembro haverá em Recife o encontro nacional de cirurgiões plásticos. Dos entre 4 e 6 mil previstos, menos de mil até agora se inscreveram - por medo de ir a Recife. Isso sem contar a sensação de medo que assola, indiscriminadamente, toda a população do estado, todas as regiões, todas as classes sociais.
Minha baliza para avaliar o governo Eduardo Campos será nessas três áreas. Se a educação, a saúde e a segurança públicas melhorarem significativamente, então este terá sido um governo vitorioso. Dado o forte apoio de amplos segmentos da população à sua candidatura e à sua juventude (fatos que contrapõem-se ao viés coronelista-esquerdista do PSB-PE), é possível supor um governo de coalizão que realize, satisfatoriamente, essas macropolíticas-chave. Só pela perspectiva de mudança concreta nesses setores, que necessariamente não ocorreriam num governo da União conservadora, já vale a pena o voto de confiança em Eduardo.
Boa notícia
César, meu "roommate", voltou a atualizar seu blog. Vale a pena visitar.
Um comentário:
mais q catastrófico, o governo Jarbas é quase criminoso. O q ele fez com a educação, com os professores, contratando uma leva de substitutos em regime de semi-escravidao, ganhando uma miséria e sem qualquer direito trabalhista. Os hospitais como o HR q num estado de calamidade nunca visto. Jarbas se omitindo de tudo, vivendo como um rei que ignora a miséria a seu redor, protegido por uma impressa que além paupérrima e ultraconservadora, vazia vistas grossas ao estado de abandono que PE se encontra. Isso sem falar na segurança, assalto a ônibus já virou esporte na Grande Recife como quem pega ônibus é pobre. Agora, essa coligaçao de direita lança um candidato que é um fantoche. Qual é a história política de Mendocinha, Quem é Mendocinha? o sujeito de tal inércia que até em benefício próprio prefere que os outros façam por ele. Ele consegue ser pior q Cadoca.
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