quinta-feira, 17 de novembro de 2005

É Simples, Assim?
Eu sou totalmente a favor de políticas compensatórias para negros! Não posso ignorar a histórica exclusão e repressão sofrida pelos negros no Brasil até pouco mais de 100 anos atrás; não consigo aceitar a passividade de deixar que negros conquistem seu espaço pouco-a-pouco; não aceito o argumento de que isso promoverá discriminação, ou que as pessoas não terão condições de completar esse ou aquele curso!
Sinto que um dos grandes problemas do brasileiro é o medo de sair perdendo... "e se fosse eu?" Aconteceu na época das discussões da Reforma Previdenciária, quando ninguém queria abrir mão de benefícios em pró de um todo maior; e acontece com a idéia de cotas, onde ninguém quer abrir mão de sua vaga para um cidadão que vem ali para "roubar-lhe" o lugar.
Como medida isolada, de fato as cotas são prejudiciais à sociedade. No entanto, para reduzir a desigualdade de forma mais imediata e democratizar o ensino, vejo como uma ação especial. Especial porque não esqueceríamos dos jovens de hoje que não tiveram acesso a escolas de qualidade, e não deixaríamos de trabalhar a base para que o filho deste mesmo jovem, mais adiante, pudesse almejar, desde sua infância, um futuro digno para si. De forma isolada, eu digo Não às cotas. Como parte de um pacote de inserção social e redução da desigualde, eu digo Sim... devemos abrir esse espaço.
Para mim é simples. É uma questão de abrir espaços. É questão de democratizar o que, supostamente, é direito de todos. É oportunidade para quem sempre teve dificuldades de enxergá-la. É democracia. É tornar a presença do negro em sala de aula tão comum quanto a do branco. Enxergar o problema de desigualde no Brasil é coisa simples. Por que o combate não pode ser? Acho hipocrisia dizer que o problema é de base e, por isso, argumentar contra as cotas... Para mim é simples: tratamos a base, que é o futuro, e o topo, que é o presente e merece o mesmo respeito.

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