Ser Oposição e Ser Situação...
Contar com uma oposição qualificada para governar é importante. A oposição responsável deve denunciar, contestar, apurar, confrontar sempre que houver indício de ilicitudes. O denuncismo por si só, sem fundamento, gera o caos, crises desnecessárias. Cada parte, entretanto, faz oposição de sua forma. Uns erram feio, outros fazem de conta, mas uma coisa é certo, ninguém é perfeito.
A oposição hoje, por exemplo, julga a si mesma como responsável e equilibrada. Acusa, segunda ela, com fatos. Acusa, segundo ela, com a experiência de saber o que é ser governo e que, por isso, não cometerá injustiças nem incentivará o golpismo como fez o PT quando era oposição.
O governo, hoje, é acusado de aparelhamento da máquina. Dizem que o PT assumiu e muita gente “rodou”, abrindo espaço para simpatizantes petistas. A alternância de poder, no entanto, é isso. Não adianta mudar governo, mudar a cúpula, se a base continuar a mesma. Deve-se ter cuidado em não priorizar políticos em detrimento de técnicos, pessoas mais capacitadas para determinadas atividades. Mas mudar é bom, e não se trata de aparelhamento; é uma mudança decorrente da alternância de poder. É natural, pois a base deve estar em sintonia com as novas prioridades do governo que está assumindo o poder.
Aparelhamento, mesmo, é o que aconteceu ao longo dos últimos 15 anos com a proliferação de municípios no país. Tal medida sobrecarrega o orçamento público, não é eficiente e pode ser considerada uma espécie de aparelhamento da máquina silencioso, discreto; como se estivessem democratizando o país abrindo novos espaços para políticos país afora.
O PT é mal visto em determinados setores por ter levantado a bandeira do FORA FHC. A oposição, hoje, mais especificamente o PSDB, defende, em público, a manutenção do presidente em favor, eles dizem, da governabilidade. Eles não querem desestabilizar o governo pedindo o impeachment do presidente. Muito bonita a atitude do partido, se não fosse, na verdade, por suas articulações de bastidores, pressionando Lula para que não concorra à reeleição.
O barulho é bem menor, mas os objetivos são os mesmos.
2 comentários:
O PT não defendeu o "Fora FHC", e sim alguns setores minoritários.
Acho, porém, que a tese de que o PT teria feito uma oposição "irresponsável" é totalmente desprovida de argumentos objetivos. Toda ação política é necessariamente racional. O PT, somando com todos os outros partidos de oposição, não tinha, nos 8 anos de FH, condições nem de aprovar leis nem de impedir votações, por si sós. Que poder, então, tremendo teriam eles para desestabilizar o Gov. FHC que desde o início gozava de amplo apoio parlamentar, na Imprensa, no empresariado???
Diferente da atual oposição que tem, sim, capacidade de influenciar nas votações do CN, vide a eleição de Severino, que só se deu graças ao apoio da Oposição (PFL e PSDB).
Dito isto, há também um viés anti-democrático na retórica dos que criticam o PT-Oposição, uma vez que, sendo este um partido orgânico ligado a diferentes setores da sociedade, muitas posições não eram mais que o reflexo de interesses desses grupos não representados no Gov. FHC.
Os líderes do PSDB pensam que somos idiotas, que vamos cair nessa retórica hipócrita de oposição responsável. Tão responsável que o velho FHC recomendou que Lula desistisse da idéia de se reeleger. Quem acompanha a CPI, percebe a oposição sensata que faz o senhor ACM Neto e Sr. Onyx.
O PT pode até ter cometido excessos, mas o discurso eleitoral não sai da boca da direita.
Postar um comentário