quinta-feira, 14 de julho de 2005

Ser Oposição e Ser Situação...
Contar com uma oposição qualificada para governar é importante. A oposição responsável deve denunciar, contestar, apurar, confrontar sempre que houver indício de ilicitudes. O denuncismo por si só, sem fundamento, gera o caos, crises desnecessárias. Cada parte, entretanto, faz oposição de sua forma. Uns erram feio, outros fazem de conta, mas uma coisa é certo, ninguém é perfeito.
A oposição hoje, por exemplo, julga a si mesma como responsável e equilibrada. Acusa, segunda ela, com fatos. Acusa, segundo ela, com a experiência de saber o que é ser governo e que, por isso, não cometerá injustiças nem incentivará o golpismo como fez o PT quando era oposição.
O governo, hoje, é acusado de aparelhamento da máquina. Dizem que o PT assumiu e muita gente “rodou”, abrindo espaço para simpatizantes petistas. A alternância de poder, no entanto, é isso. Não adianta mudar governo, mudar a cúpula, se a base continuar a mesma. Deve-se ter cuidado em não priorizar políticos em detrimento de técnicos, pessoas mais capacitadas para determinadas atividades. Mas mudar é bom, e não se trata de aparelhamento; é uma mudança decorrente da alternância de poder. É natural, pois a base deve estar em sintonia com as novas prioridades do governo que está assumindo o poder.
Aparelhamento, mesmo, é o que aconteceu ao longo dos últimos 15 anos com a proliferação de municípios no país. Tal medida sobrecarrega o orçamento público, não é eficiente e pode ser considerada uma espécie de aparelhamento da máquina silencioso, discreto; como se estivessem democratizando o país abrindo novos espaços para políticos país afora.
O PT é mal visto em determinados setores por ter levantado a bandeira do FORA FHC. A oposição, hoje, mais especificamente o PSDB, defende, em público, a manutenção do presidente em favor, eles dizem, da governabilidade. Eles não querem desestabilizar o governo pedindo o impeachment do presidente. Muito bonita a atitude do partido, se não fosse, na verdade, por suas articulações de bastidores, pressionando Lula para que não concorra à reeleição.
O barulho é bem menor, mas os objetivos são os mesmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

O PT não defendeu o "Fora FHC", e sim alguns setores minoritários.

Acho, porém, que a tese de que o PT teria feito uma oposição "irresponsável" é totalmente desprovida de argumentos objetivos. Toda ação política é necessariamente racional. O PT, somando com todos os outros partidos de oposição, não tinha, nos 8 anos de FH, condições nem de aprovar leis nem de impedir votações, por si sós. Que poder, então, tremendo teriam eles para desestabilizar o Gov. FHC que desde o início gozava de amplo apoio parlamentar, na Imprensa, no empresariado???
Diferente da atual oposição que tem, sim, capacidade de influenciar nas votações do CN, vide a eleição de Severino, que só se deu graças ao apoio da Oposição (PFL e PSDB).

Dito isto, há também um viés anti-democrático na retórica dos que criticam o PT-Oposição, uma vez que, sendo este um partido orgânico ligado a diferentes setores da sociedade, muitas posições não eram mais que o reflexo de interesses desses grupos não representados no Gov. FHC.

Anônimo disse...

Os líderes do PSDB pensam que somos idiotas, que vamos cair nessa retórica hipócrita de oposição responsável. Tão responsável que o velho FHC recomendou que Lula desistisse da idéia de se reeleger. Quem acompanha a CPI, percebe a oposição sensata que faz o senhor ACM Neto e Sr. Onyx.
O PT pode até ter cometido excessos, mas o discurso eleitoral não sai da boca da direita.